Embarcamos em Paris em um trem de alta velocidade na Gare de Montparnasse, os TGVs. A distância de Paris para Bordeaux é aproximadamente de 500 Km e o tempo médio desse trajeto é de 2h41, porém há uma rota mais rápida ainda, que leva apenas 2h04. Os trens que saem dessa estação seguem para diversas cidades da França, como
Bordeaux, Rennes e Nantes.
Chegamos em Bordeaux e passeamos o dia inteiro pela cidade e conhecemos também o fantástico museu do vinho, Cité du Vin - a Cidade do Vinho. No dia seguinte eu e meu pai acordamos cedo, alugamos um carro na Gare de Bordeaux e fomos fazer um passeio pela região de vinhos de Bordeaux.
São diversas regiões localizadas ao longo do Rio Gironne que liga Bordeaux ao Oceano Atlântico (recomendo ver um mapa da região). As regiões são divididas por appellation.
Acabamos optando por Saint-Émilion pois era um tipo de vinho que eu consumo e pelo fato de ser uma das mais próximas de
Bordeaux.
Saímos de carro cedo para aproveitar ao máximo o dia, e fomos de Bordeaux a Saint-Émilion. Em muitas cidades da França o centro de informação de turistas é muito eficiente, e fomos direto para lá. Logo na entrada, eles nos forneceram uma lista das vinícolas que estariam abertas naquele dia (em dia de colheita eles não abrem, por exemplo) e logo descobrimos uma que estava com a visita gratuita Château Bernateau.
Optamos por fazer a reserva na parte da tarde e aproveitaríamos a parte da manhã para visitar um pouco o entorno da cidade (que é muito agradável e clássica).
Mesmo em Saint-Émilion, visitamos uma cave de vinhos Clos de Menuts , cave que já era administrada pela 5ª geração da família, e me lembro que vi garrafas de vinho datadas de 1890 ainda estavam armazenadas em seu estoque. Compramos algumas garrafas (não as de 1890) e seguimos nosso passeio nessa cidade bucólica e bem montanhosa. Logo era a hora do almoço e fomos a um restaurante bem simpático e agradável Chai Pascal antes de nos prepararmos para a visita ao Château.
Chegamos ao Château e nos deparamos com uma estrutura bem familiar de produção de vinho, onde a loja de venda era o subsolo da casa e lá fomos apresentados a família, e fizemos uma visita de aproximadamente uma hora explicando todos os processos da produção do vinho. Ao fim da visita provamos todos os tipos de vinho da casa e acabamos comprando mais algumas garrafas.
No caminho do Castelo para Bordeaux ainda pegamos uma estrada interna que nos levou a uma fazenda onde a colheita estava sendo realizada. Observamos a tranqulidade e o cuidado do operador do trator em colher a uva que será transformada em vinho em alguns meses.
Dali fomos devolver o carro para a locadora e seguimos para a estação de trem para retornar a Paris, com 12 garrafas de vinho a mais, e com a certeza de que essa é uma região que merece ser explorada por vários dias, região que fica a duas horas e meia de Paris de Trem, e que vale muita a pena para os amantes de vinhos.
Foi um passeio inesquecível ao lado do meu querido pai. Abraços Pedro Mobilio.
A cada taça que levamos aos lábios, carregamos história, paixão, aventura! Uma simbiose entre o trabalho desenvolvido pelo Homem, com o inquestionável e obrigatório consentimento da Mãe Natureza, sem o qual nada disso seria possível.
Talvez isso tudo lhe pareça um pouco fantasioso, mas sem medo de errar, podemos considerar o vinho um ser vivo que se modifica com o tempo, que revela-se lentamente quando aberto, e após o término de cada taça parece querer nos dizer: missão cumprida, pronto prá outra!
Por isso caro leitor, não vejo problema algum em encarar a vida com um pouco mais de alegria e se permitir ser feliz, sem culpa nem remorso, e ir descobrindo a cada gole, as intenções do enólogo, a sinergia das forças da natureza, a intensidade dos aromas e a magia que cada videira consegue transportar, desnudando na forma de pequenos bagos de uva, toda uma história de paixão, trabalho e prazer!